quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Domando luzes...





A primeira imagem: um maçarico a gás operado por um Ourives, fazendo o que é chamado de "queimando o ouro", traduzindo: aquecer o ouro, saindo do seu estado solido, para o estado liquido e assim na forma liquida, preencher um molde ou lamina-lo, para uso no caso acima da confecção de jóias. A fotometria da foto tem que ser por ponto (spot), direcionada na área mais luminosa para que o restante da imagem fique totalmente negro, foto obtida com uma camera digital sony cybershot (não profissional), mas com ajustes de velocidade e diafragma manuais.

Segunda imagem: malabares com fogo e pirofagia, quando ainda era criança, era fantástico ver apresentações em um circo, porém agora podemos presenciar nas esquina em um semáforo. Mas estes chilenos, passaram por Ouro Preto, rapidamente no festival de inverno, deram um show, um dos melhores que ja presenciei. Domei quase todas as fotos, o segredo esta em diminuir a velocidade do obturador, ate o seu limite pessoal, estudar o que esta sendo realizado, os movimentos dos malabares com fogo e a seqüência, para visualizar a imagem antes mesmo de obte-la .
Executar esses movimentos com os malabares em chamas requer muito treinamento, pericia e claro um dose de coragem. Planejar o tempo de exposição para não marcar por demais a imagem com os rastros dos malabares, pois o excesso estoura* a imagem. Fotografia obtida com uma camera digital (não profissional), mas com ajustes de velocidade e diafragma manuais.

*estourar uma imagem, e exceder a quantidade de luz em alguma área da imagem ou na imagem toda (áreas brancas sem detalhes).

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Pintando com a luz...

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Este é a Casa da Opera de Ouro Preto (teatro municipal), uma imagem como esta parece a principio "simples", mas somente na aparência, o teatro e muito escuro e com poucas luzes, demorei mais de 45 minutos para obter esta foto, disparei no mínimo umas 20 vezes o flash, cada vez em algum lugar do teatro, o obturador da camera ficou aberto, durante todo o tempo, planejava os movimentos, e colocava um pano preto na frente da lente, assim conseguir pintar os quatro diferentes níveis do teatro. O planejamento baseava em ter cuidado e rapidez, para não disparar no mesmo local o flash numa potência inadequada. Por fim liguei e desliguei por segundos, as luzes do teatro tomando cuidao para tambem somente por segundos abrir as cortinas do fundo e do palco. No mundo da fotografia chamamos isto de pintar com a luz, como estava acostumado a fotografar cavernas, e ate dar aula de espeleofotografia, para mim foi de certa forma fácil, pois numa caverna não existe luz natural, somada as dificuldades ambientais e o piso irregular. Quando nāo se lembra de quantas vezes disparou o flash numa direção pode "estourar" a fotografia, estourar é perder todos os detalhes de uma área especifica, deixando o local branco, apagando os detalhes e os contrastes ( como na área ao redor das lâmpadas).
Para planejar melhor, já que o teatro estava aberto a visitação, visualizei o teatro rapidamente como um salão de uma caverna, e fui pintando com a luz. Nesta imagem pode se visualizado: as cadeiras receberam luzes de diversos pontos, o teto luz lateral, a pintura central no topo do palco, as laterais, na área abaixo do palco... todos foram iluminados pelo flash. O controle maior de "domar a luz" neste caso, combina o raciocínio com memória, pois o tempo todo, temos que fazer uma retrospectiva dos nossos atos e planejar os próximos. Para fazer esta fotografia, usei uma camera Nikon, filme positivo kodakchrome, lente 24 mm, um tripé bem fixado, para não mover um milímetro, durante os 45 minutos, um bom flash com controle de potência. Lembrar do que fez..pois não tem como voltar atras, disparou... o filme registrou. Esta imagem na sua versão original e rica de detalhes, desde o piso de madeira ate a pintura no teto. Esta imagem foi exposta em duas exposições internacionais e também durante muitos anos serviu de exemplo nos workshops e seminarios de espeleofotografia que ministrei, nas cidades de Ouro Preto, Belo Horizonte e Curitiba.
*A espeleofotografia difere das outras modalidades de fotografia, pois ela é praticada em um ambiente aonde não existe luz... aonde criamos a luz.